18 de março de 2010

Quando eu e Daniel nos conhecemos

Preciso dizer o que começou e o que são os meus Mecenas, prometi isso ontem. No entanto hoje estou com um tanto a mais de preguiça, o que provavelmente me impedirá de explicar tudo. Vou tentar retomar de onde parei:



Quando eu e Daniel nos conhecemos



Azul, essa era a cor daquele uniforme, em cujo bolso estava além do crachá a logo da ICASU. Falar em ICASU é voltar ao passado, a uma Uberlândia que não existe mais, é voltar à av. Rio Branco na década de 80, por onde passava o ônibus "Saraiva - Roosevelt". Faz tanto tempo!

Mas a avenida, o ônibus não era a marca maior daquela logo. Na minha meninice, sabia que aquele era um lugar diferente, em que pessoas com dificuldades mas objetivos iam para poder nortear de outra forma a vida. Cresci e a história ficou na história.

Mas, reencontrar aquela logo, foi reencontrar meu pai, na década de 70, na antiga Ituverava - cidadezinha do interior paulista. Era lá que aos finais de semana ele voluntariamente cuidava da contabilidade de um abrigo de menores carentes e eu, com 4 a 5 anos, era sua melhor acompanhante: assentava ao seu lado e, pacientemente, ele punha um papel na velha máquina de escrever - eu tinha certeza que estava trabalhando tanto quanto ele. Era um traque-traque de teclas, um trim de final de linha e um treeench para puxar a alavanca à direita e descer a página.

Mas não era apenas na máquina que eu brincava de ser adulta, era vendo aquele jeito peculiar do sr. Vicente (meu pai) de tratar a vida.

Exatamente nessa época aprendi a tomar leite com farinha. Era bom!

Foi em uma tarde de sábado, lembro-me perfeitamente. Ele me colocou no TL (Que nome mais estranho de carro!) e eu fui com ele a uma favela e levávamos leite e alimentos às pessoas. Uma família, constrangida e alegre com a visita, logo me ofereceu leite com farinha e eu, que aprendi muito rápido a ler o mundo com a boca, de pronto aceitei. Hum!!!!!

O gosto era de uma brancura tão suave, com a distância de uma mandioca torrada em madeira. Sinto o cheiro até hoje.

Acho que meu pai fez uma logo em minha vida. E rever o nome ICASU (Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia) me fez rever o desejo de compreender que há tanta vida por aí, como aprendi em minha infância.

Aí, volta o Daniel à cena: Começamos nossa conversa, descobri que ele trabalhava lá e que eu poderia, mesmo sem meu pai, continuar a escrever na máquina do tempo.

Uma fome de vida me encheu de desejo em conhecer a casa e as abrigadas que moravam lá. Eram 13, todas meninas e em situação de risco social.



Bem, sei que estou devendo explicar o que são os mecenas, e agora fico com a obrigação de também contar das meninas, mas preciso deitar. Eu já havia dito que além do sono tinha preguiça. Amanhã a sexta é brava e a vida segue, então conversamos sábado, certo? Prometo tentar ser mais clara, mais concisa, menos prolixa!

Quanto palavrão!!!!!

Boa noite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário