5 de junho de 2010

Vai um cachorrinho aí...


Que tal uma receita de Cachorro Aromatizado na Manteiga e Alecrim? Nunca comeu? Se soubesse o perfume do azeite quente, manteiga de leite e o cheiro do alecrim.... Depois de tudo isso aquelas colheres de salsa, carne de cachorro refogando com caldo de legumes ao final um copo de vinho branco e seco num poético flamabado, salsa para decorar e azeitonas pretas, portuguesinhas em terra estranha. Aceita? Não? Por que?

Tá, eu sei que causa estranheza falar de iguaria tão, tão exótica, mas esse foi o prato oferecido pela Prof. Leandra à nossa galera. Qual o motivo dessa loucura (Isso é loucura?)? Ora, as pretensões da educadora (Depois de brincar e abraçar seu amado cachorrinho na nossa frente) eram, além de tudo, mostrar o quanto aquilo que comemos está relacionado ao local onde vivemos e o que a nossa "terra" nos oferece. Só isso? Não, além do mais como o afeto que mantemos com um ser, muitas vezes impede que ele seja nosso almoço (Graças a Deus por isso!).
Essa foi uma das aulas agitadas do dia 29/05. Lá aprendemos tanto da nossa história, das relações que nossa cultura nos permite estabelecer, de como construir afeto com algo faz com que ele ou aquilo seja parte do que preservamos ou destruímos.
Aprender é fantástico, melhor ainda era ver nossos 18 adolescentes assustados diante do fato do novo e ao mesmo tempo tão perto da relação doméstica de afeto. Mas, naquela tarde, tirando o asco do prato, o desejo pelo novo, o repúdio ao normal que me impulsiona ao incomum, pudemos ver uma galerinha que sabemos que chegará longe. Mas longe como? Na ousadia de desafiar as convenções impostas para sobreviver à vida, porque não para a vida. Foi isso que meus olhos viram no nosso 4º encontro. Ali, há um grupo de jovens que eu sei, fará com que sua história se faça, independente das condições que a vida lhe oferecer. Foi difícil comer cachorro? Claro que sim, mas ainda era a possibilidade de lutar frente às barreiras que me são impostas pela vida: rejeito, não sei o que é; como e... ora posso repudiar e gostar, esse resultado não me interessa, mas sim a loucura de enfrentar o desafio.
Talvez você esteja esperando a conclusão deste texto, não a tenho. Tenho uma semana pensando no que isso pode e poderá significar na vida dos meus jovens que participam do Projeto Cem Pratos, Cem Histórias: Encontros. Tenho a certeza que aquele pedacinho de carne deve ter feito alguma diferença. Quer saber onde comprei o bichinho? Quer saber quem o fez? Segredos de Sandra!

Ps. Caso queira, posso trabalhar como cozinheira em sua casa. Adoraria!!!!!

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